Habeas Corpus nº 0313075-62.2016.8.24.0023, da Comarca da Capital-SC
“Vistos, para decisão.
Trata-se de pedido de autorização de antecipação de parto, postulado por X, qualificada nos autos, ao argumento de que o feto que está gerando é portador de graves anomalias, incompatíveis com a vida após o nascimento.
O Ministério Público é favorável à pretensão (p. 26-27). O pedido merece acolhimento.
Com efeito, a prova documental evidencia que o diagnóstico anômalo foi ratificado pelos médicos Halana F. De A. Andrezzo, Mário Júlio Franco, Roberto Noya Galluzzo e Alberto Trapani Jr. (p. 15 e 23), os quais atestaram que o feto constava com idade gestacional aproximada de 17 semanas e apresentara encefalocele occipital, mal formação incompatível com a vida extrauterina.
Destarte, diante da evolução de conceitos que vem, mesmo de modo paulatino, sendo divulgados pelos nossos Tribunais, inegável que prudente a adoção da providência aqui requerida. Cita-se:
RECURSO DE HABEAS CORPUS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PARA INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ POR FETO ANENCÉFALO. PEDIDO RECEBIDO EM PRIMEIRO GRAU COMO HABEAS CORPUS PREVENTIVO E DEFERIDO PELO MAGISTRADO SINGULAR. ASCENSÃO DOS AUTOS A ESTA CORTE SUPERIOR PARA REEXAME. ART. 574, I, DO CPP. CONHECIMENTO. ANENCEFALIA FETAL COMPROVADA POR TRÊS LAUDOS MÉDICOS DISTINTOS. INVIABILIZAÇÃO DA VIDA EXTRAUTERINA IRREFUTÁVEL. EVIDÊNCIA DE RISCO À SAÚDE, ESPECIALMENTE PSICOLÓGICA, DA GESTANTE. PARECER MINISTERIAL FAVORÁVEL. WRIT CONFIRMADO EM REEXAME NECESSÁRIO. (Recurso de Habeas Corpus n. 2013.016091-1 de Araranguá, Rel. Des. Marli Mosimann Vargas).
Na mesma esteira, em decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF n. 54, foi declarada inconstitucional a interpretação com a qual a interrupção de gravidez de feto anencéfalo era incursa nos crimes tipificados nos arts. 124, 126 e 128, I e II, todos do Código Penal.
E ainda que o presente não trate de anencefalia, resta devidamente comprovado, como visto, que as anomalias que o feto possui o impossibilitam a vida pós-parto, destacando-se, in casu, que a manutenção da gravidez traria como consequências o prolongamento do sofrimento de seus familiares, impondo especialmente à gestante os malefícios de ordem emocional e também, acima de tudo, como delineado na narrativa fática, risco a sua integridade física, situação que a ciência hoje possui instrumentos aptos a prevenir.
Ante o exposto, DEFIRO o pedido autorizando X a interromper sua atual gestação.
Expeça-se o competente alvará, com prazo de trinta (30) dias. Publique-se. Registre-se. Intime-se.
Capital, 25 de novembro de 2016.
Marcelo Volpato de Souza
Juiz de Direito”
Contribuição: Dra. Ariela Melo Rodrigues
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |